Cá estou! sem nenhuma pretensão de nada.
Tentando apenas me despir.
Tentado olhar para dentro de mim.
Tentando me conhecer.
Tentando aprender a escrever
Tentando humildemente exercitar a escrita.
Eu invejo aqueles que conseguem com tão poucas palavras expressar seus sentimentos, como se já tivessem nascido com um Dom, uma vocação. Mas eu tinha uma professora de Artes que odiava esses termos de Dom e vocação e eu sempre lembro dela toda vez que eu escuto alguém disser "o fulano tem o dom pra escrita ou etc" ela sempre dizia não existe esse papo de DOM pessoal, qualquer um pode pintar um quadro igual do Picasso é só querer. Embora eu ache impossível (pintar um quadro de Picasso) eu gosto de lembrar dela falando e do jeito que ela falava, por que faz tudo parecer possível.
Eu gostaria de ter nascido com o Dom da escrita, acho que é uma paixão adormecida, vou tentar fazer desse espaço um exercício.
Sou uma admiradora de Mário Quintana, o primeiro poema que li quando criança era dele, Dizia:
Eu, agora - que desfecho!Já nem penso mais em ti...Mas será que nunca deixo de lembrar que te esqueci? . Sim, eu invejo Mario Quintana. E as vezes eu penso:
Será que ele era feliz?
Será que eu sou feliz?
Será que você é feliz?
O que é a felicidade?
O que é felicidade se não um momento passante em nossas vidas, como o vento que passa mas não permanece.
O que são todas essas coisas que buscamos ao longo de nossas vidas em nome da felicidade, em nome de uma melhor qualidade de vida: um emprego melhor, um salário melhor, uma casa melhor...
Sempre buscamos algo...e isto as vezes é tão cansativo.
Eu vi recentemente um documentário muito bom chamado: Lixo Extraordinário.O documentário relata o trabalho do artista plástico brasileiro
Vik Muniz com catadores de
material reciclável em um dos maiores aterros controlados do mundo.
Como eles eram miseráveis, trabalhavam de dia para ter o que comer a noite.
Quando acabou o documentário, que é muito emocionante, o primeiro pensamento que me veio a cabeça foi: eu também sou uma catadora, sou igual a eles. Não estou feliz na condição de trabalho que estou, mas preciso dele para sobreviver. Assim como eles precisam daquelas latas, garrafas pet..daqueles lixos.
É claro que a minha condição social é diferente daquelas pessoas, saber que muitos daqueles gostariam de estar em meu lugar: com uma casa, um emprego de carteira assinada. Não me faz me sentir melhor por saber isso. Saber o quão injusta a vida é. Por que eles não podem ter o que eu tenho? E talvez eles sejam felizes com o pouco que tem.
Dos sete catadores que participaram do documentário nenhum quis voltar para o aterro, ninguém mais quis catar lixo ou material reciclável. Foi apresentado aos olhos deles que é possível mudar a realidade em que vivemos. Mas infelizmente isso não é para todos. Somente os sete catadores não voltaram para o aterro outros tantos ficaram lá e ainda ficarão.
Acho que a única vocação com que nascemos é sempre estar em buscar de algo, de alguma coisa para conquistar. E é essa incessante busca que eu tenho medo.
acho que a felicidade passou por aqui e eu nem vi....